segunda-feira, 1 de abril de 2013

A Revolta na Líbia



Evolução dos acontecimentos:

Fevereiro

As manifestações na Líbia, ao contrário do que ocorreu na Tunísia e no Egito, evoluíram para uma guerra civil, e milhares de pessoas já morreram nos confrontos entre as forças rebeldes e as forças leais a Kadhafi, nos últimos sete meses de conflito.
Os protestos começaram em 15 de fevereiro de 2011, em Benghazi, após a prisão de um advogado ligado à causa dos Direitos Humanos. Os manifestantes exigiam a saída do ditador Muammar Kadhafi, mais abertura política, além de manifestarem sua insatisfação com a alta do preço dos alimentos, alto desemprego e corrupção.
A reação do governo aos protestos foi violenta. Kadhafi chegou a usar aviões e tanques contra as multidões, na capital, Trípoli, em Benghazi (segunda maior cidade do país), e em outras áreas do país. Apesar da violência, das mortes e muitos feridos os protestos continuaram.
A situação de Muammar kadhafi foi ficando cada vez mais insustentável. Dentro do país, as tropas rebeldes assumiram o controle de cidades no leste e na região nordeste militares aderiram à revolta. No exterior, houve pressão diplomática para que Kadhafi deixasse o poder e o Conselho de Segurança da ONU aprovou sanções contra Kadhafi e sua família.
Em 27 de fevereiro, os rebeldes anunciaram a criação de um Conselho Nacional de Transição (CNT). A luta entre os rebeldes e os apoiadores de Muammar kadhafi foi se intensificando.

Março

 Diplomatas e membros do governo aderem ao movimento, inclusive o ministro da Justiça, Mustafá Abdel Jalil. Em pronunciamento na TV estatal, kadhafi desafia a oposição afirmando que iria “morrer como mártir”.
No dia 17 de março, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 1973, criando uma zona de exclusão aérea para proteger áreas civis e autoriza o uso de forças contra o regime. Dois dias depois, EUA, Reino Unido, França, Itália e Canadá à frente, iniciam ataques contra alvos do governo.

Abril

Com a escalada dos conflitos, centenas de milhares de pessoas deixaram o país; a maioria dos refugiados foi para a Tunísia e o Egito.
 Mesmo com os ataques ocidentais tendo enfraquecido as tropas leais a Kadhafi, a oposição enfrenta dificuldades para avançar, entre avanços e recuos a guerra civil na Líbia vai se prolongando.

Maio

Em sua primeira aparição em um mês, Kadhafi pede um cessar-fogo, mas não dá sinais de que renunciará.

Junho

Após o aumento dos ataques aéreos por parte da OTAN, Kadhafi faz um discurso na TV dizendo que lutará até o fim.
A OTAN é criticada pela morte de civis e admite e lamenta as perdas.
O Tribunal Penal Internacional, em Haia, emite um mandado de prisão contra Kadhafi, seu filho Saif Al-Islam e o chefe de espionagem do país, Abdullah Al-Senussi.

Julho

Os EUA reconheceram o Conselho Nacional de Transição (CNT) dos rebeldes anti-Kadhafi, sediado em Benghazi, como um governo legítimo, um reforço diplomático que pode possibilitar a liberação de bilhões de dólares em bens congelados para os oposicionistas.

Agosto

Na segunda quinzena de agosto, os rebeldes anunciam que controlam Zawiyah, próximo à Trípoli. Em 23 de agosto eles entram na capital, e conquistam o complexo de Bab al-Aziziya, onde se localiza o palácio do governo.
Vários países e a ONU já se declaram a favor dos rebeldes e pedem a saída do ditador. No dia 23, eles invadem o QG do ditador, mas não o encontram. Kadhafi fala no rádio e promete resistir.  
Em 28 de agosto, os rebeldes anunciam que tinham a cidade de Trípoli sobre controle. Alguns membros da família de kadhafi fugiram então para a Argélia. O paradeiro de kadhafi continua incerto.

Setembro

Os rebeldes já controlam a maior parte da Líbia.
Em 13/09, partidários de kadafi controlam apenas quatro cidades em todo o país: Bani Walid, Sirte, Jufrah e Sabha.
Para controlar os rebeldes é necessária uma liderança política, que pode sair do Conselho de Transição Nacional (CTN), formado pelos revoltosos em Benghazi.
  Entre os candidatos mais cotados está Mustafá Abdul Jalil, ex-ministro da Justiça de Gaddafi e presidente do CTN. Ele prometeu eleições livres no prazo de oito meses. Mas no próprio conselho há facções divergentes, tanto religiosas quanto seculares, o que aumenta as incertezas quanto ao futuro do país.
Durante uma reunião de cúpula sobre a Líbia na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), Mustafá Abdel Jalil, presidente do CNT, afirmou que pelo menos 25 mil pessoas morreram no levante contra kadhafi e 50 mil ficaram feridas.
Combatentes do novo regime da Líbia tomaram (27/09), o controle do porto da cidade de Sirte, cidade natal de kadhafi. Em Sirte os partidários do governo de transição encontraram forte resistência de soldados leais a Kadhafi. Sirte, a leste da capital Trípoli, ainda é uma das últimas cidades em poder das forças leais a Kadhafi e milhares de civis ainda estão na cidade.
A liderança do Conselho Nacional de Transição anunciou o adiamento da formação de um novo governo até que o país esteja totalmente livre.
EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia, China, Turquia, Itália, Alemanha, Espanha, Catar, Jordânia, Japão, Tunísia, Egito, Marrocos, Bahrein, Níger, Colômbia, Brasil e União Africana, já reconhecem o CNT como representante do governo líbio.
A Líbia possui 6,4 milhões de habitantes e tem o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África. É o quarto maior produtor de petróleo da África, depois de Nigéria, Argélia e Angola, com reservas estimadas em 42 bilhões de barris. A maior parte da produção é exportada para a Europa. A riqueza, porém, não é bem distribuída entre a população. Um terço vive na pobreza e a taxa de desemprego é de cerca de 30%. Esse é um dos principais motivos dos protestos.
Khadafi é o líder há mais tempo no poder na África e no Oriente Médio - desde 1969 - e um dos mais autocráticos. kadhafi assumiu o poder em 1º. de setembro de 1969, com apenas 27 anos, após um golpe de Estado que depôs a monarquia. Nas décadas seguintes, foi acusado de atentados terroristas e se tornou inimigo das potências ocidentais. Nos últimos anos, manobras políticas o reaproximaram do Ocidente.


Conclusão

A comunidade internacional já considera o governo líbio deposto, apesar do paradeiro de Kadhafi ser desconhecido. O desafio, agora, é constituir um novo governo em um país sem partidos políticos, Constituição e tradição democrática.

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